terça-feira, julho 27, 2010

Silêncio das Fronteiras


"Quando o silêncio ainda há de sorvemos
Todos aqueles um dia sorriram
Diante de nossos olhos
Hão de chorar distantes, vagueando
Pelas fronteiras sem sóis nem luas.

O dia das ruínas chegou?
Colheitas de anos secaram
Esperanças que antes aqueciam
Os corações mais desolados
Diluem-se em desesperançosos abismos.

Ah! Quando o silêncio há de abraçar-nos
Tudo que passamos será apenas vento e poeira.

..........

Fitei-os - Os que galgam nas lamacentas fronteiras
Sem volta, passaram lutuosos
Diante de minha velha janela

Segui-os para o escuro leste
Onde haveríamos de cantar a cada poente
Morrendo a cada alvorecer."

(Luiz Carlos)

Solene Nênia


Solene Nênia

Luiz Carlos - Vocal
Roni Peterson - Baixo & Voz
Fabiano Souza - Programação Eletrônica, Teclado, Voz, Violão, Percussão & Batida.



"No outono, no declínio de maio.
Contemplava-nos as copas das árvores e o acariciar dos ventos nas folhas amortalhadas ao chão.
O poente tímido que se esconde no horizonte,
sentíamos a necessidade de lapidarmos nossas almas e tocar mais profundo e liberto,
então nasce Solene Nênia.
O vento que traz as palavras, as palavras beijam o tempo
e o tempo dá-nos o significado.
Solene é cerimonioso.
Nênia é lamento fúnebre ou canção triste.
A cerimônia da canção triste que pretendemos levar aos corações daqueles que nos ouvem.
A poesia, a profundidade.
Juntos, podamos nossas almas no silêncio da penumbra,
distantes da turba doentia,
apenas a arte nos consolará junto as palavras que efluviam com os ventos."



www.myspace.com/bandasolenenenia

sábado, julho 03, 2010


Eutanásia (LORD BYRON)

Quando o tempo me houver trazido esse momento,
Do dormir, sem sonhar que, extremo, nos invade,
Em meu leito de morte ondule, Esquecimento,
De teu sutil adejo a langue suavidade!

Não quero ver ninguém ao pé de mim carpindo,
Herdeiros, espreitando o meu supremo anseio;
Mulher, que, por decoro, a coma desparzindo,
Sinta ou finja que a dor lhe estará rasgando o seio.

Desejo ir em silêncio ao fúnebre jazigo,
Sem luto oficial, sem préstito faustoso.
Receio a placidez quebrar de um peito amigo,
Ou furtar-lhe, sequer, um breve espaço ao gozo.

Só amor logrará (se nobre à dor se esquive,
E consiga, no lance, inúteis ais calar),
No que se vai finar, na que lhe sobrevive,
Pela vez derradeira, o seu poder mostrar.

Feliz se essas feições, gentis, sempre serenas,
Contemplasse, até vir a triste despedida!
Esquecendo, talvez, as infligidas penas,
Pudera a própria Dor sorrir-te, alma querida.

Ah! Se o alento vital se nos afrouxa, inerte,
A mulher para nós contrai o coração!
Iludem-nos na vida as lágrimas, que verte,
E agravam ao que expira a mágoa e enervação.

Praz-me que a sós me fira o golpe inevitável,
Sem que me siga adeus, ou ai desolador.
Muita vida há ceifado a morte inexorável
Com fugaz sofrimento, ou sem nenhuma dor.

Morrer! Alhures ir... Aonde? Ao paradeiro
Para o qual tudo foi e onde tudo irá ter!
Ser, outra vez, o nada; o que já fui, primeiro
Que abrolhasse à existência e ao vivo padecer!...

Contadas do viver as horas de ventura
E as que, isentas da dor, do mundo hajam corrido,
Em qualquer condição, a humana criatura
Dirá: "Melhor me fora o nunca haver nascido!